terça-feira, 18 de maio de 2010

Vício e paixão



“O que te faz pensar que é especial, menina? Que sairá daqui viva?”
“O que te faz pensar que tenho algum apego à vida?” – O vampiro recebeu em resposta. Sorriu ante a ousadia da garota. Alguém mais desavisado poderia pensar que ela o desafiava. Ele não. Sabia que a menina estava sendo sincera, que não o temia. Poderia temer o desconhecido, mas não à ele. Pelo contrário, não somente o desejava, como desejava compreender sua natureza.
No íntimo, ela tentava se apegar à impressão de que era sim especial pra ele. Entraria em desespero se achasse que não. Aquela pergunta de súbito lhe tirou o ar. Quando respondeu, ela se apegou à sua segunda certeza...”nada tenho a perder”...Sua resposta realmente foi a mais sincera.Victoria, de fato, não tinha qualquer apego à vida.

Ela estava pálida e nua deitada nos braços dele. Em um lugar que nada parecia com o que esperava ser a morada de um vampiro (algum castelo talvez). No quarto, o que mais chamava a atenção eram as centenas de livros, que revelavam o gosto peculiar do vampiro por literatura e filosofia, e o computador. Nem sabia porque o computador a tinha espantado tanto, afinal, ela o havia conhecido através dele. Essas coisas modernas que a aproximava e afastava de seu sonho. Aproximava porque, se não fosse a máquina, jamais teria conhecido Viktor. E afastava porque a realidade não era tão romântica nem tão sombria quanto pensava.

Apesar da aparência de Viktor a encantar, ela não ousava olhar pra ele. Queria continuar deitada em seus braços, já sabia que esses momentos de carinho não seriam tão freqüentes quanto os momentos em que ele desejaria vê-la sofrer. Ele a poupara até agora. Não havia feito nada de diferente senão ignorar totalmente sua inexperiência e se extasiar com o sangue de sua virgindade. Ela sorriu ao lembrar...era o presentinho que havia guardado em segredo...
“Seu sangue é delicioso pequena...” – o vampiro sussurrou tão perigosamente próximo ao pescoço que a fez estremecer, não sabia se de medo ou tesão. Dedilhava calmamente toda a extensão do umbigo até os seios da menina, admirando sua respiração, os pelinhos louros e macios do corpo dela, as auréolas rosadas que tomavam forma nas mãos dele, como um brinquedinho em perfeito funcionamento...se deteve um instante nesse lugar em especial. Os biquinhos dos pequenos seios da garota eram convidativos...Apertou e ela soltou um gemido surdo, soltando o corpo ainda mais em seus braços, como a se entregar à sensação. Enquanto ele aumentava a pressão observando atentamente as reações dela, ela desceu a mão até o próprio sexo, no que ele sorriu, e a deteve. Victoria abriu os olhos, esses olhinhos cor de mel, tímidos e expressivos, e virou na direção do vampiro, como criança a perguntar o por quê não pode ficar com o doce.
“Você é mesmo uma putinha, Tory”...ele falou ainda calmamente, e ela não sabia se isso era um elogio ou não...”Acho que vou ficar com você...” completou sorrindo e descendo com a boca até o sexo dela, que encontrou encharcado de tesão e sangue... Viktor sorriu diante do banquete.

Depois de se deliciar no sangue virgem de Tory, o vampiro a colocou de bruços e a penetrou por trás...Sentia todo o corpo dela estremecer, sentia como seu sangue pulsava quente...no corpo tão branco dela que tornava suas veias ainda mais tentadoras...
Enfiava as unhas na macia carne do corpo da menina...rasgava sua pele, via o sangue brotar. Depois passava a língua vorazmente até secar as feridas, para então fazer novas...ele queria apenas saborea-la aos poucos. Para depois, só depois, sentir seu sangue jorrando, sua vida se esvaindo. A doce vida de Tory alimentando a existência sombria de Viktor...e ambos gozando de prazer. Do prazer de estarem entregues um ao outro...de serem dependendentes um do outro. Vício e paixão.
Mestre e escrava.
Ela gemia surdamente...o amava e não queria incomoda-lo com seus gemidos ou gritos. Ele já não conseguia se controlar frente ao frenesi que o corpo dela, e seu sangue, causava...a virou e a viu com lágrimas nos olhos. Não resistiu à essa visão e a abraçou. Ouviu um suspiro dos lábios entreabertos da menina, e, nesse momento, enterrou as presas no pescoço da vítima tão docilmente entregue...
Ela acordou horas mais tarde, recuperada, mas com o corpo inteiro dolorido. Cansada e um pouco febril. Viktor cuidou dela. Cuidaria dela todos os dias, até que ela não agüentasse mais. Ou talvez depois. Talvez. Mas ainda era cedo pra pensar nisso. Por enquanto era justamente a vida de Tory que o fascinava. E à maneira como se entregava tão apaixonada à um assassino como ele. Se alimentava dos sonhos de Tory, de sua fragilidade, como se alimentava de seu sangue. E ela só queria existir por ele. Para ser dele. Ser tão dele a ponto de oferecer-lhe sua vida. Todas as noites ela o alimentava com seu sangue. Todas as noites em que ele queria se alimentar dela...não era sempre...e nem ela aguentaria se fosse. As vezes ele saía pra matar e a deixava em casa lendo. Sempre recomendava suas leituras e sempre conversavam depois, horas mais tarde, quando ele voltava. Sua existência sem idade o havia ensinado coisas que a mente ávida da jovem ansiava aprender...e ela absorvia tudo, imersa em atenção e curiosidade...nessa hora ele se tornava ainda mais fascinante...e faziam planos de conhecer o mundo...deixando um rastro de morte atrás.

Uma noite, quando Tory acordou, se sentindo mole e sonolenta, encontrou Viktor ainda em casa, num horário em que deveria estar se alimentando. Estava pálido. Era óbvio que ainda não o tinha feito. “Hoje você vai comigo...”
Era uma ordem...ela não entendia o porquê. Diversas noites quis acompanha-lo e ele jamais havia deixado...chegando a surra-la algumas vezes em que ela começava a chorar, implorando pra não ficar sozinha...Queria manter Tory longe desse mundo. Queria que ela o enxergasse com mistério e fascinação. Mas hoje, porém...
“Hoje você vai comigo” repetiu ele, calmamente, diante do claro rosto interrogativo da garota. Ela sabia que ainda que não que quisesse, iria de qualquer forma. Mas ela queria. Sempre quis. Por que estava receosa então? “Se arrume, Victoria”...a ordem seca a cortou dos pensamentos. Estava ansiosa e excitada. Hoje ela iria matar ou assistir alguém morrer...
Não falaram uma palavra enquanto caminhavam. Não era necessário. Tory sabia que logo mais estaria diante de um ritual sagrado para seu Mestre, e ficava feliz de poder compartilha-lo. Morte. Morte que logo mais, ela sabe, não teria escapatória. Tory sucumbiria mais cedo ou mais tarde. Não seria seu alimento eterno. Que pensamento doce...
Ruas escuras. Viktor sempre preferia se alimentar de mendigos e prostitutas. Pessoas essas que, segundo ele, a sociedade nunca se importava e não davam falta. Mas dessa vez não...
Ele a levou até uma pequena e conhecida casa gótica da cidade. Viu os olhos de sua menina brilharem quando estavam na porta. Ela não conseguia esquecer o fato de que era menor de idade, jamais a deixariam entrar ali. Mas Viktor era brilhante, e ela o estava acompanhando...Antes de entrar porém ele tirou a guia da coleira que, o mais discretamente possível, usava pra conduzir a garota. “Não esqueça de que és minha...esta aqui a meu serviço. Não se perca, não me subestime. Não tente escapar...” “Sim senhor...” ela murmurava, enquanto beijava as mãos que a prendiam dessa forma.
O saguão era a coisa mais deslumbrante que Tory já havia visto. Todo e somente iluminado por velas. Além da iluminação em cada mesa, um enorme e redondo candelabro pendia no teto, com dezenas delas. Tory se encantou por isso. Velas, fogo. Sabia que era o elemento proibido pros da espécie de Viktor...A música, ela não conhecia, mas era acolhedora, combinava com o ambiente, com aquelas pessoas...
Se dirigiram até o bar local e Viktor pediu um licor de cassis. Vermelho e doce...ele levou a bebida aos lábios, para provar. Então deu de beber a garota, que jamais tomava o copo em mãos, bebia com ele segurando, ou direto dos lábios do vampiro...
A pegou pela mão e desceram as escadas em direção à pista. Tory se sentia observada por olhos ávidos de todos que cruzavam seu caminho...”Tenho Dono” ela pensava, feliz, enquanto observava a todos aqueles garotos perdidos, com desprezo. Ele parou na entrada da pista. “Vá dançar minha menina. Escolha alguém...eu ficarei te observando...”
Dançar sozinha. A pista era tão escura e acolhedora. Ela adoraria poder dançar com ele...mas não ousava contrariar uma ordem tão direta. Ele tinha algo em mente, ela só não sabia o quê. “Escolher alguém...hmmm”...Ela deixou que a intuição a guiasse. Começou a dançar enquanto andava pela pista. Vários rapazes por vezes a puxavam pelas mãos, ou dedilhavam seus cabelos, para chamar sua atenção. Ela sequer os olhava. Ela iria escolher. A predadora era ela essa noite...não se deixaria encantar por um desses pobres garotos. “Mas seria doce vê-los morrer por se encantarem por mim...isso seria...”...mas não iria estragar tudo apenas por um capricho seu. Olhou para Viktor. Se ela não soubesse exatamente onde ele estava, jamais o teria encontrado. Ele a observava atentamente, de braços cruzados e uma das pernas flexionada, encostado na parede. Não mudou a expressão e nem emitiu qualquer sinal para ela. Tory continuou dançando, fechou os olhos e se deixou embalar pela música. Até que alguém chamou sua atenção.

Uma garota. Uma garota que tinha algo que sobressaia naquele ambiente de pessoas bêbadas caçando. Estava sozinha também, como ela, e parecia não se importar com isso. Dançava de maneira leve e encantadora, quase se deixando aninhar pela música. Tory a observou, os traços delicados, a boca levemente entreaberta, os cabelos negros curtos, que pareciam não ter peso algum, acompanhando os movimentos graciosos da menina. Avançou devagar, sem tirar os olhos da garota. Ela estava maravilhosamente vestida de negro, como todos os demais na casa, aliás. Mas havia algo nela que chamava a atenção...e Tory não sabia exatamente o quê. Se aproximou, encantada...e começou a dançar em frente à garota...sem falar nada, apenas a observando...
Quando ela abriu os olhos e encontrou o mel dos olhos de Tory, sorriu. “Como é o seu nome?” “Victoria e o seu?” “Elisa”...Tory procurou com os olhos os olhos de seu Mestre. Ele fez um aceno com a cabeça, dizendo que ela havia acertado na escolha. As duas dançavam, com intimidade de velhas amigas. Elisa era tão encantadora que Tory por um momento sentiu vontade de deixa-la a sós com seus pensamentos, na pista. Mas não podia sentir isso. Não podia falhar agora que já tinha feito sua escolha. Elisa já estava marcada pra morrer, desde o momento em que sorriu e deixou Tory se aproximar.
Enquanto dançavam tão próximas que podiam sentir a respiração uma da outra, Tory se deixou beijar por Elisa...”que doce...” Ela nunca havia feito nada parecido e ficou surpresa pela delicadeza da garota. Era perfeita. Tão diferente dos homens...tão leve...sentia os lábios de Tory como se quisesse prova-la delicadamente, sem pressa...”ah deus, não posso fazer isso, não posso...” Tory a amou por um momento. “Tarde demais...”
Pouco depois, Elisa dançava na sua frente como se nada de extraordinário tivesse ocorrido. “Deve ser normal para ela” pensou Tory, levemente enciumada. Quando a música mudou, pegou Tory pelas mãos, a chamando para beber algo. Se deixou levar, mas quando passaram pela entrada da pista, a garota não encontrou Viktor. Tory não conseguiu se preocupar com isso. Sabia que ele estava satisfeito com ela.
Havia um outro bar perto da pista, Elisa pediu vinho e Tory não pediu nada. Não sabia se tinha autorização pra beber por sua conta e achou melhor não arriscar. Subiram as escadas e em direção ao saguão, comentando qualquer coisa banal que fazem as garotas rir daquela maneira pra chamar a atenção dos outros. Antes de chegar, porém, numa pequena sala escura, Tory encontrou Viktor sentado confortavelmente numa poltrona, sozinho. Segurava um copo de vinho, que ele provou e deixou o copo ao lado, chamando Tory com as mãos...”Você o conhece?” Elisa perguntou num misto de excitação e ansiedade. “Sim...” Tory conseguiu murmurar.
“Não vai me apresentar sua graciosa amiga?”...”Ah sim...Viktor, essa é Elisa...Elisa, esse é o Viktor...um...amigo meu”. Estava feito. Tory queria fugir dali. Ele beijou delicadamente as mãos da garota, que ria. “Que cavalheiro” Elisa estava notoriamente encantada. Tory não a culpou por isso. Também estaria se estivesse no lugar dela, e se sentiu com raiva pelo domínio que Viktor tinha sobre as mulheres. “Tolas...Somos todas marionetes nas mãos dele...” ela pensou com raiva, por um momento, e Viktor pareceu perceber, pois deu um rápido olhar de reprovação para ela, que fez a garota se sentir acuada e confusa. Ainda era Viktor que estava ali e ela ainda o amava. Não era sua vítima e ela havia se entregado a ele porque quis, sabendo como seria, sabendo de todos os riscos. Não era hora pra recuos ou arrependimentos...ela pareceu implorar perdão com o olhar, e ele beijou as mãos dela também, sinalizando que não havia problemas.
“Não querem se sentar?”...
Dizendo isso ele puxou Tory paro o colo dele, e sinalizou que Elisa se sentasse ao seu lado. A garota parecia excitadíssima por estar conversando com um homem como ele. E Tory achou melhor não recear mais e entrar no seu papel...
Elisa se oferecia a ambos de maneira notória. Estava levemente alterada pelo vinho que Viktor a fazia beber, poupando Tory no entanto. Queria a garota sã.
Ela falou rapidamente sobre sua vida, como se Viktor estivesse realmente interessado. Entre outras coisas, disse que tinha 16 anos, (ainda mais nova que Tory) e morava apenas com o pai, perto dali. Estava bêbada e excitada. Os três se beijavam e Tory achou os lábios de Elisa ainda mais doce, se comparados com a crueldade que Viktor demonstrava ter até nessa hora. No entanto, Elisa parecia adorar também. Como não adora-lo? Viktor conseguiu convence-la a deixar aquele lugar, e ir para casa com eles...
Nunca antes alguém estava tão excitada caminhando em direção à morte. Viktor ria da empolgação de Elisa, e da apreensão de Tory. Mas reparou que sua pupila também se excitava com aquela situação...era a sua prova. Sabia que a garota já tinha carinho por sua nova amiga, mas Tory precisava se acostumar à isso..
Abriu a porta de casa e mandou Tory leva-la para o sótão. “Que lugar estranho para transar” pensou Elisa. Tory conhecia o local bem demais para realmente achar estranho. Viktor cansou de estar com ela ali, ou simplesmente deixa-la acorrentada no local. Era a sua masmorra particular...
A garota não pareceu estranhar nada. Pelo contrário, observava a tudo com vívida curiosidade, e cada vez mais excitada...sorria com ternura para Tory, e em chamas para Viktor, que apenas observava as duas. Depois de manda-la se despir, Viktor ordenou que Tory algemasse suas mãos, e prendesse com correntes em um gancho que pendia do teto...a garota se deixou algemar docilmente...beijando Tory quando ficavam de frente. Tory correspondia.
“Victoria...obrigada...”...Não conseguiu conter um sorriso ao ouvir isso. “Eu que agradeço meu amor...”...e a beijou...vendando seu rosto para que não observasse nada mais, apenas sentisse. Desceu com os lábios pelo corpo enrijecido de tesão da garota...Viktor habilmente já havia cortado o soutien e a calcinha...Tory beijava aquele jovem corpo, tão parecido com o seu, que chegava a doer machuca-la...Elisa gemia de uma maneira que Tory jamais se permitiu na frente de Viktor. Sabia que ele não gostava disso, e num impulso, começou a acaricia-la ainda mais, para ouvir mais e mais gemidos vindos dos lábios dela. Era a sua maneira de enfrenta-lo. E não sabia o que a levava a isso...
A acariciava da maneira como gostava de ser acariciada. Conhecia cada segredo. Viktor apenas observava...até que, após o segundo gozo da menina, se aproximou e puxou Elisa para si, pelos cabelos, para beija-la. Nessa hora a menina gemia e suspirava como nunca, o que o irritou profundamente, conforme Tory já previra. E a amordaçou.
Tory sorriu. Sentia pena apenas por não poder mais beijar aqueles lábios. A uma ordem, se afastou e deixou Elisa com ele...
“Ainda estou sem fome. Vou me divertir um pouquinho...”
Mandou que Tory pegasse o chicote. Ela pegou um simples e deu nas mãos dele, cochichando algo em seu ouvido. Ele sorriu e disse pra Elisa “Vou desvendar seus olhos agora. Victoria quer vê-la chorar...”
A chicoteou sem piedade. O rosto coberto de lágrimas. Ela inteira implorava para sair dali, mas seu sexo, estranhamente, ficava cada vez mais encharcado. Tory achou uma pena que ela estivesse amordaçada. Os gritos de dor era algo que Viktor adorava ouvir, e ela jamais havia ouvido algum, senão os dela própria. Também estava excitada, e amedrontada. Viktor jamais havia feito dessa maneira com ela, e não desejou estar na pele de Elisa...era tão frágil e pequena...Não sabia se Viktor brincava sempre dessa maneira com suas vítimas, mas agradeceu por não ser hoje uma delas. Depois disso ele lambeu cada uma das feridas, como gostava de fazer quando machucava Tory.
Não havia muito sangue, mas o gosto e o cheiro foi o suficiente pra despertar seu apetite...Tory recebeu permissão para se aproximar, tirar a mordaça e beija-la...”que delicia...” O corpo de Elisa se contorcia em frenesi enquanto ele a mordia, era os beijos doces de Tory que a impedia de gritar...Tory sentiu o coração da garota enfraquecer e ela desfalecer em meio a ambos...Viktor parou antes de mata-la realmente...o corpo coberto de sangue. E beijou Tory, que sentiu o gosto do sangue pela primeira vez.

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