terça-feira, 18 de maio de 2010

A Livraria


Ele percorria alguns livros com os olhos, buscando o título que lhe interessava, tão absorvido estava que levou um susto ao ter seu pé atingido por um deles.

Vivo rubor lhe cobriu o rosto quando se abaixou por instinto para pegar o famigerado que lhe havia, não machucado, mas assustado.

Então, se depara com duas mãos delicadas a lhe antecipar a ação, uma voz baixa a pedir-lhe desculpas.

Seus olhos encontram-se agradavelmente deliciado com a cena que se desenrola a sua frente: uma moça, estatura baixa, quase ajoelhada a seus pés, olhos baixos, voz contida, não se sabe ainda se por costume ou por vergonha, a gaguejar-lhe desculpas, explicando atropeladamente entre palavras que é realmente uma desastrada, que não conseguiu conter o livro a tempo de não cair-lhe aos pés, e blá, blá, blá...

Ele nem mesmo ouvia o rosário de desculpas que ela proferia, apenas apreciava a cena, seu lado Dominador tomando corpo com a visão dela ali tão submissa a seus pés.

Seu primeiro impulso foi de dizer-lhe: Acalme-se escrava!!!

Mas dando-se conta de que ela AINDA não lhe pertencia e que aquele não era um local de sessão, apenas ficou ali, observando seus modos.

Foi apenas um momento e ela já se levantava, mas suficiente para mexer com os instintos do Dominador.

Ao encontrar apenas o silêncio ao seu pedido de desculpas, atrapalhado, mas ainda um pedido de desculpas ergue seus olhos encontrando os dele, e sente-se presa, tamanha a intensidade de emoções que vislumbra ali, sem conseguir identifica-los ao certo.

Ficam parados, apenas olhando-se, respiração suspensa por ela, respiração acelerada por ele. Avaliam-se, perdidos em seus próprios devaneios.

Então, o momento passa, alguém pede-lhes passagem e os dois deslocam-se automaticamente do lugar.

Ela repete então o pedido de desculpas, e ele responde que lhe desculpa se ela aceitar tomar um café em sua companhia, pois que o pé ainda dói (mentira branca não conta como mentira, pensa ele).

Dirigem-se ao café e iniciam uma conversa meio formal, falando sobre, óbvio, livros e animam-se descobrindo grande afinidade literária entre ambos.

É quando ele pergunta sobre o livro que lhe caiu aos pés, se havia sido apenas um acidente ou se era um das leituras que ela apreciava.

Ela enrubesce e diz que não conhece muito sobre, mas que tinha "ouvido" falar e com olhos brilhantes pergunta a ele se conhece bem o tema.

Ao que ele abre um sorriso preguiçoso e responde: Sim, minha criança, eu conheço bem o tema, sou um Dominador!

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