terça-feira, 18 de maio de 2010

O Chamado



A caminho ela pensava consigo mesma: por que será que Ele estava tão bravo, tão estranho, tão distante? Será que fiz alguma coisa que O incomodou? Serei punida e não faço nem idéia do por que disso...
E as lágrimas corriam soltas, sem controle, por seu rosto pálido, lábios trêmulos.
Ele não costumava ser tão incisivo em um chamado, nunca o fizera antes, nunca determinara que não admitiria o não comparecimento, sempre combinavam com antecedência para que não houvessem problemas de última hora ou outro compromisso marcado para a mesma data, mas dessa vez não fora assim, Ele simplesmente ligou e disse: "Te encontro daqui à uma hora no local de sempre, e nem pense em não estar lá”.
Será que romperiam? Será que Ele conhecera outra e iria comunicar isso a ela? Será que Ele não mais a queria para Si?
Estava realmente descontrolada, mil e um pensamentos passando por sua cabeça, qual seria a razão de um encontro assim, marcado de última hora? O que poderia ter ocorrido, tentava buscar em sua memória qualquer fato que pudesse ter desencadeado isso, ficava repassando a voz profunda de seu Dono ao falar-lhe sobre esse encontro, e não conseguia perceber qualquer entonação de carinho, mas também não percebia desprezo, o que já era um alívio, não muito grande, já que seu Senhor é realmente muito controlado.
E o trânsito que não ajuda e o tempo que passa, e as lágrimas que embaçam-lhe a visão, e usando do seu "poder" de mulher a mão na buzina, tentando tirar todos os veículos da frente, como se isso fosse possível!!!
Enfim, chega ao local que costumam se encontrar, desliga o carro, mas suas pernas não obedecem ao comando do cérebro, alias, se o fizesse talvez que saísse correndo em direção contrária a da porta, pois que seu coração se apertava a cada pensar no caso do seu Dono não a querer mais.
Não, aquilo que sentia por Ele não era paixão, mas um amor terno, com uma dose enoooooooooooorme de erotismo, sedução, desejo... Nenhuma posse, nada disso, mas tinham seus momentos... E esses momentos alteravam toda a sua perspectiva diante do cotidiano, um casamento feliz, um trabalho maravilhoso, mas lugares comuns, onde era a dominava as situações que lhe eram apresentadas, e tinha pra si que sua avó é que tinha sido feliz, pois que o lado feminino, a essência feminina falava mais alto em seu tempo.
O servir era-lhe prazeroso, a válvula de escape, onde se encontrava em seu ambiente natural, onde curvava suas vontades as vontades Dele, onde não precisava ter controle absoluto de nada, pois que esse pertencia a Ele, onde apenas deixava-se guiar por mãos e palavras fortes e ternas ao mesmo tempo, onde percebia a essência masculina em sua melhor forma, onde tudo é consensual, pois que já fora discutido muito e muito antes, ali na sessão não ha espaço para temores, pois a confiança dada ao seu Senhor é total, sabe que nunca lhe fará mal algum, esta completamente entregue a Ele, lhe pertence completamente.
Não, não queria entrar por aquela porta, mas a sua vontade já não se fazia prevalecer, no momento da ligação deixara de ter direito a ela, pois que já a tinha entregado a Ele.
Com extrema dificuldade sai do carro, tira a chave de dentro da bolsa, destranca a porta, suspira, tenta secar as lágrimas, e entra naquele espaço que tanto aprecia, sem ver nada, apenas esperando por encontrar seu Senhor.
O sentimento opressivo ainda habita seu peito, mas resolve encarar seja lá o que for com objetividade e serenidade, mesmo que isso a mate um pouco por dentro.
Vai caminhando sem nada ver, segue devagar, um passo por vez, ouvindo ao fundo sons, então a voz de seu Senhor que se faz ouvir, e ela desesperadamente tenta adivinhar-lhe o estado de animo, mas esta por demais nervosa para perceber qualquer coisa, quer olhá-lo de perto, e quer fugir ao mesmo tempo para que não aconteça o confronto (que em sua imaginação acontecerá).
Entra no ambiente que Ele a esperava, com olhos baixos, rosto ainda banhado em lágrimas e ouve a risada que seu Senhor solta a divisar-lhe os olhos vermelhos, rosto condoído.
Então, Ele lhe ergue o queixo para que o olhe nos olhos, e pergunta: "minha menina, o que aconteceu contigo até aqui? Por que esse estado de espírito abatido, por que de tantas lágrimas? É tão penoso estar com teu Dono? (graceja ele)”.
Ela sente seu peito expandir e uma alegria enorme tomar conta de si.
Ergue os olhos e encontra os dele brincalhões e risonhos, sente sua alma liberta e em estado de graça, respondendo: "Senhor, fiquei assustada com a determinação em sua voz ao telefone, nunca antes me chamaste com tanta urgência, sempre combinamos antes, e o inusitado da situação me fez imaginar que viria aqui para que me dispensasse de servir-lhe, isso me fez sofrer, me reduzindo a essa triste criatura que tem diante de si, peço que me perdoe”.
Seu Senhor então, abre um sorriso de orelha a orelha, olhando-a dentro dos olhos e perguntando-lhe: "Quer dizer então que se EU decidisse que não mais a queria pra mim, ficaria triste? Minha menina tola, não há motivos para dispensá-la dos meus cuidados, pois que és uma boa menina e se continuares assim, nada há que a desabone a ponto de não a querer mais. Estava aqui, preparando para ti o meu presente de aniversário”.
Ela então se ajoelha aos pés do seu Dono e Senhor, chorando copiosamente, dessa vez, de infinita felicidade, olhando ao redor e percebendo o cuidado que Ele teve em preparar uma cena das mais lindas que já tivera...

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