terça-feira, 18 de maio de 2010

Desejos




Ela era apenas uma iniciante... Nada conhecia sobre o BDSM, era uma curiosa compulsiva, queria saber descobrir, experimentar, mas tinha medo, muito medo, não sabia exatamente o que mais a excitava, se a dominação do ato em si, se a dominação e sadismo em conjunto, tinha um medo tremendo de apanhar, a dor em si não lhe causava prazer, mas a dor aliada ao prazer era algo que queria experimentar. Tudo que lia a fazia fantasiar e desejar cada vez mais vivenciar aquilo, até mesmo para se conhecer melhor.
A dominação no sexo sempre lhe fez delirar, sempre lhe pareceu a melhor escolha, a "disputa" que acontece, o "não quero, vem e toma" era um delírio pra ela.
Mas tinha muito medo de se machucar, não gostaria de viver algo que ainda não tinha condições de definir, queria a loucura, queria a entrega não só pela entrega, mas a entrega pelo poder.
Sempre fora tímida, e não sabia exatamente como colocar em palavras o que desejava, e isso a deixava insegura.
Já havia conversado com alguns Dominadores, mas nenhum deles lhe inspirava a confiança necessária para o que deveria acontecer, alguns não tinham as mesmas fantasias que ela, outros gostariam apenas de uma sessão de sexo mais apimentado, nada disso era o que buscava, o que idealizava, queria mais que sexo dominante, queria a mais, mas não sabia exatamente o que mais.
Até conhecê-lo, todas as fantasias e fetiches, irreveláveis a qualquer pessoa, até a si mesma, eram um emaranhado de contradições.
Então, chega Ele, tão seguro, tão tranquilo, tão Senhor de Si mesmo, e a deixa tão à vontade, que uma relação de cumplicidade, de reconhecimento, de simplicidade se faz.
Conseguem rir e brincar, e ao mesmo tempo, uma aura de erotismo permeia o ar, eletrizando.
Tudo acontece com tanta graça e naturalidade que ela se sente completamente segura em ir adiante, mesmo sabendo-o SÁDICO.
Entre risos e gracejos, Ele lhe diz que tudo acontecerá como até ali, num crescente, e que é isso que deseja dela, a entrega cada vez maior e completa, sem sustos, sem neuras, sem barreiras.
Vão estagiando a níveis cada vez maiores, e quando lhe pergunta qual o limite, Ele responde que nenhum, não há limites para a realização do prazer, e quando Ele não mais souber ensina-la, aprenderão juntos.
Era tudo que ela precisava ouvir.
Então, Ele não esta mais presente, afasta-se, há um imprevisto e ambos distanciam-se.
Quando retorna, não é mais o mesmo, nem ela também.
O tempo, senhor inexorável, agiu em ambos e os colocaram em estradas distintas.
Andam, paralelamente, até que, a estrada novamente se faz uma e encontram-se.
Algo do que tinham ainda este ali, presente, pulsando, querendo vir novamente à tona.
Num primeiro momento, estranham-se, mas em pouco, restabelecem a ligação. A graça e facilidade com que se comunicam esta ali, e o tempo parece apenas um detalhe, um ponto em suspense.
Conversam longo tempo, olhos nos olhos, riem, falam da vida, sem tocar no passado, até que inevitavelmente o assunto vem à baila, falam do tempo que estiveram distante e de tudo que viveram. As pessoas que entraram e saíram de suas vidas e de repente o assunto cai nos momentos que estiveram juntos. Questionam-se a respeito do distanciamento e o que os levaram a ele sem encontrar qualquer motivo agora plausível, e deixam por conta do acaso.
Finalmente percebem o tardar das horas e despedem-se.
Cada um dirige-se a sua casa.
Ela esta deitada em sua cama, pensando, lembrando, quando o telefone toca e a voz dele se faz do outro lado, profunda, rouca, como se um fantasma do passado criasse vida, ela sorri da imagem feita em sua imaginação e volta à época que essa era a última voz a ouvir antes de adormecer, muitas vezes adormecendo com ele ainda na linha a lhe falar.
Ele percebe seu riso e ri também.
Passam os dias e o ritual volta a fazer parte do cotidiano de ambos.
Marcam um encontro. Ela esta nervosa, apesar de se sentir confiante em relação a Ele, esta extremamente nervosa com o que virá. Antes não conseguiram levar adiante a relação, será que agora conseguiriam?
Deixa para pensar em outra ocasião, vai ao encontro dele e deixa que as coisas aconteçam naturalmente.
Ele a leva a um restaurante tranqüilo. Conversam, fazem o pedido, saboreiam a refeição, como se fossem bons amigos, e pensando bem, é só o que são realmente. Claro, se ignorarem a eletricidade que permeia o ar... rs
Ambos dispensam a sobremesa e o café oferecido.
Saem do restaurante e vão caminhando até o carro, ainda conversando sobre o tempo, sobre a cidade, sobre nada, apenas falando, cada um preso a sentimentos e pensamentos que não chegam em palavras, por isso mesmo, apenas falam, para preencher espaço e não caírem na tentação de uma aproximação prematura.
Andam lado a lado, com certo espaço, eletrizado, entre ambos, até que uma mão, acidentalmente toca a do outro, simultaneamente afastam-se, como se tivessem levado um choque.
Estão agora no estacionamento, cada qual com seu carro, ele a acompanha até o dela, pede a chave, abre a porta e quando ela vai entrar, ele se coloca entre o carro e ela, não permitindo a entrada e obrigando-a a olhá-lo nos olhos. E o que ele vê, o faz beija-la repetidas vezes, deslocando seu corpo e prensando o dela contra o carro, corre suas mãos pelo corpo dela, buscando, conhecendo, reconhecendo caminhos tanto queridos.
Segura sua nuca com uma mão e puxa-lhe os cabelos até tê-la totalmente a sua mercê, fazendo-a novamente olha-lo nos olhos, busca seu ouvido e pergunta: Esta pronta?
Ela apenas acena com a cabeça em concordância. Ele então volta-a em direção a porta aberta do carro, empurra-a para dentro e diz: Então me siga!
Vai em direção a seu próprio carro, entra, da à partida e sai.
Ela com as pernas trêmulas, a boca intumescida pelos beijos de há pouco e o coração quase a lhe partir o peito, aciona o carro e o coloca em movimento, ainda temendo não conseguir segui-lo sem provocar um acidente, tal é seu estado.
Chegam, ao que ela imagina ser, a casa dele. Ela estaciona atrás do carro dele e fica por uns minutos dentro do carro, aguardando... O que???
Finalmente desce, vai até a entrada, a porta esta aberta, ela entra, ouve a guitarra poderosa de Jimmy Page & Robert Plant em Since I´ve Been Loving You e ri consigo mesma, lembrando que lhe enviou essa mesma música certa vez.
Vai andando cautelosamente, até que Ele a chama de um sofá num canto meio escuro da sala. Ela se aproxima lentamente. Ele lhe ordena que se ajoelhe em sua frente. Ela o faz. Ele a segura pela nuca novamente, aproxima seu rosto do dela, beija sua boca até deixá-la sem fôlego, lentamente desce o zíper de seu vestido, sem deixar de beijá-la, o vestido vai ao chão, ele levanta-se, levando-a consigo, afasta-se, olha-a demoradamente, chega perto e mais uma vez pergunta: Esta certa de que quer?
Ela passa a língua num gesto automático pelos lábios e responde que sim.
Ele a leva pelas mãos pela casa, até um quarto, uma luz fraca é acesa, mal iluminando o ambiente. Deixa-a em pé no meio do quarto, vai até um canto, volta com uma corda, amarra-a pelos pulsos às costas, várias voltas, passa a corda por entre os braços, trazendo-a a frente, faz um bonito contorno em seus seios, desce desenhando seu corpo com a corda, fazendo contornos e nós alternadamente, até imobilizá-la completamente do tronco pra cima. Tira-lhe a calcinha, alternando os nós mais próximos e em pontos específicos, fazendo com que ela estremeça, seu toque é firme, mas gentil.
Terminado o trabalho com a corda, joga-a a cama, de bruços, com a bunda empinada, o tronco todo imobilizado, preso, agora, às pernas... de repente ela sente uma ardência, antes mesmo de conseguir conciliar o som da palmada ao tapa recebido no bumbum, e em seguida um outro, e outro, e outro. Ela apenas emite um ai ao primeiro, um ui, ao segundo e fica ali, sem saber ao certo como se portar diante do que acontece, o silêncio estabelecido desde a sala até aquele momento é quebrado apenas pelo som dos tapas, um seguido do outro e um ai ou ui entre cada um deles, e lágrimas que deslizam tão silenciosas quanto o espaço que estão, afora a música ainda na sala.
Ele percebe suas lágrimas e intensifica os tapa, dizendo-lhe como a pele esta linda, vermelha, e que as lágrimas completam o efeito maravilhoso. Vem até ela e beija-a a boca. No meio do caminho até sua boca, em qualquer lugar que ela nem imagina onde tenha sido, ele pega um chicote e enquanto a beija e diz quão linda ela esta naquela posição, lhe aplica uma chicotada certeira no bumbum empinado e ela fecha os olhos e engole um grito de dor em meio ao beijo que ele lhe da suspirando em seguida, racionalizando a dor em sua bunda já sensível pelos tapas e agora pelo chicote e a delicia que é beijá-lo.
Entre um beijo e outro Ele venda seus olhos, se afasta. Ela apura os ouvidos para adivinhar-lhe a distancia e o que poderá vir em seguida, sem conseguir, apenas um ou outro movimento, sons que não lhe dizem nada, Ele se aproxima novamente. Ela sente algo gelado nas costas, úmido, em seguida, perde o fôlego e não consegue controlar o grito que escapa de sua garganta. Uma agulha é introduzida em sua pele, acompanhada de mais uma, e mais uma, e mais uma, e ela não faz mais idéia de quantas, até que Ele se afasta e diz com voz orgulhosa: “LINDA!”, pede sua autorização para fotografar para que ela mesma veja o resultado do que seu corpo esta proporcionando em beleza aos olhos dEle. Ela simplesmente ascende com a cabeça em concordância.
Ele esta atento à temperatura das suas mãos e pés, devido às cordas, sempre os tocando. Mais uma vez se afasta e ela pensa com certo humor negro “ainda não estou a ponto de perder meus membros, não vão gangrenar, AINDA”.
Ele volta e dessa vez, os olhos dela derramam lágrimas incontroláveis e ininterruptas, Ele esta cobrindo os espaços entre uma corda e outra, afora o espaço onde estão as agulhas, com cera QUENTE de velas e ela ali, imobilizada, simplesmente se deixa chorar, sabendo que não fará nenhum protesto.
Ele olha pra ela e em voz alta diz novamente: “Simplesmente LINDA!” e ela sente vontade de dizer que não exatamente ela que é linda, mas a obra de arte que Ele contempla que o faz suspirar assim, desconsolada que esta, mas não diz uma palavra.
Mais uma vez tem suas mãos e pés tocados pelas mãos dEle, e tenta segura-la, mas sente a sua mão ardendo, como se mil agulhas estivessem perfurando a pele com o simples movimento de abrir e fecha-la, mais lágrimas de seus olhos e irrita-se consigo mesma pensando: “odeio chorar”, “fungando” alto, de forma nada feminina. Agora que as tais agulhas imagináveis estão percorrendo suas mãos e pés, talvez seja o inicio irreversível de uma gangrena, Ele acha que já é tempo de solta-la, pois começa, calmamente a desfazer os nós. Inadvertidamente e antes que Ele tenha tempo de alertá-la, ela estica os pés, e “funga” mais alto e sentidamente, sentindo-se uma criança em crise, pois que as agulhas percorrem dos pés até o cérebro (com algum exagero, mas não menos dor que isso). Quando Ele chega a seus pulsos, segura o braço na mesma posição, com medo de mexê-los também, se as pernas foram um tormento e até seu cérebro doeu, o que será agora com os braços? Resolve não arriscar. Ele percebe sua reação, ri alto e gostoso, ela funga, ele lhe massageia os pulsos e com muita calma vai trazendo-os de volta a frente do corpo. Isso a agrada... rs
Lentamente Ele a levanta, trazendo-a para si e dizendo em seu ouvido: Adoro tuas lágrimas. Ela simplesmente funga mais alto ainda e desata num choro sentido, sem nem mesmo saber porque, Ele ri e a beija. Ela o envolve com os braços, ainda meio dormentes, ainda meio “pinicando” e fica ali, nos braços dele, abraçada e sentindo-se feliz.
Ele se deixa abraçar, mas não pelo tempo que ela desejaria, em seguida leva-a um canto do quarto e prende seus pulsos em argolas que estão fixas no teto e suas pernas em dois apoios, no chão, distantes suficientes para que ela mantenha-as bem abertas. Em seguida uma mordaça é colocada em sua boca e mais uma vez, lágrimas escorrem por seu rosto. Detesta mordaças!
Seu Senhor continua movimentando-se pra lá e pra cá, sem visão, com a mordaça, ainda sentindo ardência pelas costas e bumbum, ouve aquele som arrepiante, mas sem alternativa alguma, solta um grito com um som estranho por conta da mordaça, mais uma vez o som e mais uma vez as costas que arqueiam com o golpe recebido, duas, três, quatro... Nem conta mais... Sabe ser perda de tempo... De seus olhos as lágrimas continuam descendo, molhando todo seu rosto, que agora também é molhado pela baba que sai da boca...Funga mais alto ainda, tenta conter a saliva, sente-se humilhada, ultrajada, odiando-o com todas as forças do seu ser, até sentir o toque das mãos do seu Dono passeando por onde o chicote, chinelo, e palmadas, passaram antes...
Ele acaricia com desvelo, ela sente seu corpo derreter ante o toque, e por mais incrível que possa parecer, nesse momento o deseja com tanto ímpeto quanto o ódio anterior sentido. Ele continua acariciando, descendo a mão pelas costas, bumbum, e finalmente toca-lhe o sexo e a percebe extremamente molhada. Sua respiração é sentida tão próxima, e sua voz vem rouca e profunda de encontro a seu ouvido: Quer dizer então que as lágrimas também alcançam mais embaixo, minha menina??? Ou será a felicidade que sente em servir-me que a deixa tão molhada? Vadiazinha... Esta gostando, não é???
Em pensamento ela o xinga de todos os nomes possíveis, mas sentindo os dedos dele manipulando seu sexo, geme alto e contorce seu corpo para facilitar o acesso. Então um dedo esta dentro de si,ela simplesmente relaxa e aproveita daquela sensação, em seguida um outro, ela segue gemendo, se contorcendo e delirando de prazer, mais um dedo e ela morde com força a mordaça, seu prazer é tão intenso que seu corpo começa a ter espasmos ocasionais, mais um dedo e ela grita, finalmente mais um e ele realiza um dos seus desejos, um fisting completo e ela que nem acreditava que poderia conseguir, sempre imaginando que precisaria de muitas tentativas antes de atingir o objetivo, e Ele ali, com maestria, dando a ela o que tanto desejara. Seu corpo agora é sacudido por espasmos seguidos, até que ela atinge um orgasmo nunca antes sentido, e finalmente seu corpo fica em pé apenas por estar ainda preso aos grilhões.
Ele solta seus pés, depois suas mãos, e a carrega até a cama.
Ela simplesmente não tem forças nessa hora para manter-se em pé, tal a violência do orgasmo que a atingiu.

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