terça-feira, 18 de maio de 2010

Senhor de Lorage



Finalmente encontrei um momento para poder conversar com o Senhor de Lorage. Ele era um ícone para todos nós e eu não poderia perder a oportunidade. Calmo, seguro, passava a sensação de equilíbrio e conhecimento, em cada palavra.
Quando eu o questionei sobre seu sucesso como dominador, surpreendentemente, ele me revelou que o seu segredo era não ser sádico.

- Sabe, Cássio? O fato de eu não sentir prazer em causar a dor é o que me permite usá-la com frieza e alcançar meus objetivos. Disse-me ele.

Atento eu comecei a sorver cada palavra.

- Vê minha esposa? Perguntou-me, apontando com seus olhos.
Ela estava sentada na sala conversando com uma nova escrava do seu senhor. Era uma mulher extremamente linda, com muita classe e encantava em cada gesto. Não obstante, tornava-se com facilidade, o centro das atenções, sempre que começava a falar. Sua cultura e inteligência eram invejáveis.

- É linda! Eu disse.

- Mas nem sempre foi assim, respondeu-me.

- Quando eu a conheci ela era uma mulher comum, extremamente frágil e tímida. A maior parte dos dominadores que conheço, não teriam se interessado por ela. - Falou o Mestre.

Era muito difícil pra mim, acreditar que um dia, aquela mulher pudesse abrigar qualquer defeito.

- Assim ele prosseguiu. - Eu a conheci com os casais normais se conhecem. Em uma festa e me foi apresentada por amigos. Sua timidez e feminilidade revelaram o seu grande potencial como uma submissa.

Eu o ouvia atentamente.

- Uma coisa é uma masoquista que por algum problema na sua infância, adquire esse desvio de comportamento. Outra, muito diferente, é pegarmos uma mulher absolutamente normal e a esculpirmos como uma obra de arte. Para tanto a timidez é uma característica fundamental e se ela não for linda, as coisas se tornam mais fáceis ainda.

Eu não podia entendê-lo, pois estava se referindo a uma mulher maravilhosa.

- Veja! O primeiro passo para construirmos uma submissa é retirarmos dela sua identidade. Nós namoramos por algum tempo, como fazem todos os casais. Ela já estava se apaixonando e eu já recebia sua confiança. Um dia revelei possuir uma fantasia.
Ela ouviu-me e aceitou de bom grado, a idéia de eu ter como desejo, vesti-la como uma Cinderela.
Pedi-lhe que saísse comigo de jeans, tênis, camiseta branca e com seus cabelos amarrados. Primeiro a levei ao cabeleireiro. O instruí sobre como eu queria seus cabelos e sua maquiagem. Posteriormente fomos cuidar da sua lingerie. Eu queria algo simplesmente magnífico. Em seguida compramos sandálias de salto altas e por fim, o toque final. Um vestido sensualíssimo. Em cada loja que passamos ela percebeu sua modificação e ao sairmos, já se sentia uma nova mulher, com uma sensualidade que jamais experimentara e fiz questão de jogar suas roupas antigas no lixo, diante dos seus olhos, no shopping, para que esse gesto servisse como marco de uma nova vida. - Continuou ele.

As coisas começavam a fazer sentido pra mim, ouvinte atento.

- Nessa noite eu a levei ao Vivaldi. O restaurante da cobertura de um finíssimo hotel de São Paulo. Ela viveu uma noite de princesa e claro, eu também já havia reservado uma suíte para que o evento fosse completo. - Disse-me o Mestre.

- Em nossa cama, depois de nos amarmos intensamente, eu olhei em seus olhos e lhe falei que ela estava linda e que eu não mediria esforço para cuidar dela. Se as pessoas têm seus hobbys, que se ela me permitisse, esse seria o meu. - Continuou ele.

Imaginei que nenhuma mulher do mundo resistiria a uma proposta dessas. Atentamente me preparei para absorver cada palavra da sua genialidade.

- A partir desse dia passei a comprar suas roupas. Sempre muito sensuais. A levei a um cirurgião plástico. Aumentamos seus seios e o bumbum, fizemos aquela cinturinha que você está vendo e mais, afinamos o seu nariz. O que lhe deu aquele perfil delicado.
Da noite para o dia, essa mulher viveu sua metamorfose. Nem seu rosto permaneceu o mesmo. De gata borralheira, perdida no fundo de uma festa, ela passou a ser uma mulher muito atraente e desejada. Essa mudança alterou seu comportamento e personalidade a ponto dela não se reconhecer. Ela era não mais ela mesma, mas sim, parte mim, pois eu a havia criado. Assim tornou-se dependente e muito apaixonada.

Eu estava extasiado diante da compreensão do universo feminino, dada pelo Mestre de Lorage.

- O passo seguinte consistiu em erradicar seus valores morais. Na nossa sociedade a moralidade, como vc bem sabe, é falsa e efêmera. Argumentar contra ela é uma tarefa fácil.
Nessa época, conversar sobre fantasias tornara-se o seu assunto predileto. E experimentando pela primeira o sabor de ser uma mulher atraente, claro, que as fantasias sexuais dela caminharam nesse sentido.
Com um pouco de tato, fiz que me confessasse seu desejo de ser possuída por outros homens. Confessei que eu sentia o mesmo com relação às mulheres. Disse-lhe que esse era um sentimento normal e que esse tipo de revelação jamais abalaria nossa relação. Ao contrário, nos uniria mais e em uma atmosfera de confiança mútua.
Fui mais longe ainda. Ponderei que há uma grande diferença entre os desejos do corpo e o que sentimos em nossos corações. Revelei que a amava a ponto de realizar sua fantasia, que ela poderia entregar seu corpo a outros homens, que faríamos isso juntos, mas com a condição que seus olhos e coração fossem só meus.

Percebi que nesse momento, o Mestre, começou a criar com sua serva, seus laços de cumplicidade.

- Fomos a uma casa para casais swing, em Moema. Deixei que ela bebesse até ficar uma pouco alta e se soltar. No fundo dessa boate há um salão onde todos se reúnem e o sexo acontece livremente. Sentei-me de costas para a parede, fiz que, de pé, ela se curvasse para me beijar e lhe disse que seus olhos era só meus e que se sentisse prazer, deveria transmiti-lo a mim, beijando minha boca. Levantei sua saia, abaixei sua calcinha e segurando seu rosto, permiti que ela fosse penetrada por quatro homens diferentes. Dessa forma ela me beijava alucinadamente e eu não permiti que pudesse ver que a estava tocando.

Eu buscava entender onde ele desejou chegar com essa atitude, pois ao que eu sabia o Senhor de Lorage, não permitia que suas escravas fossem tocadas por outros homens.

- Sabe Cássio? Nessa noite ela transcendeu os seus limites e gostou de fazê-lo. Foi como se tivesse enfrentado toda a humanidade e vencido. Contudo, embora lhe tenha sido muito prazeroso e gratificante, seus valores morais, subjetivamente, ainda permaneciam. Andar por aquela boate sabendo que todos a viram sendo possuída. Olhar para os lados sem saber se estaria olhando para um homem que acabara de penetrá-la lhe trazia uma certa angustia. Ela não se reconhecia, não sabia mais quem era e foi buscar conforto na segurança da nossa cumplicidade.
Porém, ainda não era o suficiente. Ela, em virtude dessa noite, já se auto denominava uma cadela. passamos a brincar com isso até que conversamos sobre eu levá-la para conhecer um bordel.
A idéia a deixou louca! Sua libido nos dias que a precederam, ficou incontrolada. Estava tudo caminhando na direção que eu desejava, e a passos largos. Continuou ele.

- Eu, Cássio, estava me surpreendendo ao perceber que ele via a possibilidade de se construir o caráter de uma mulher, de forma quase que científica.

- No bordel, percebi que tudo naquele ambiente a excitava e os homens a olhavam como se ela fosse mais uma das prostitutas da casa. Bebemos muito e na hora de pagarmos a conta eu lhe disse que tinha esquecido minha carteira. Sugeri que ela saísse com um dos homens que a olhavam, que fosse para um hotel que tem ao lado e transasse com ele, em vinte minutos, como fazem todas as prostitutas da casa e voltasse com dinheiro para podermos pagar a nota. Naquela hora, ela aceitou a brincadeira, passado dois dias, sua sensação de culpa era enorme. Se descobriu como uma cadela e literalmente como uma puta e foi em cima desse sentimento que construí o alicerce para transformá-la em uma masoquista.

Nesse momento, o Mestre deixava claro que ele agia como um exímio jogador de xadrez.

- O sexo, para ela, começou a pesar. Sempre se fazia acompanhar de uma grande sensação de culpa. Embora, comigo, seu cúmplice, ela falasse disso abertamente e confessasse que sentia muito prazer com nossas fantasias e brincadeiras, diante de sua família principalmente, eu percebia seu mal estar. Ao visitá-la dispensava suas roupas sensuais, voltava ao jeans como se quisesse se despir de sua nova vida.
Eu não sei você Cássio, talvez goste de fotografar. Eu não , prefiro pintá-la e foi como minha modelo que demos o passo seguinte.
Eu a acomodava, diante da minha tela, em uma posição sensual, mas desconfortável.
Claro que ela se mexia em pouco tempo. Assim sugeri que eu a amarrasse.Mostrei-lhe algumas fotos de bondage e argumentei , que além de tudo , ela ficaria assim , muito mais sensual. Nesse ponto tive de ser muito criterioso. Foi preciso caminhar muito devagar ou todo o esforço iria por água abaixo.
Eu a amarrava em uma posição sensualíssima, esperava o desconforto chegar e aí largava o pincel e a possuía. Com o tempo eu fui além do desconforto e só começava a penetrá-la quando a dor surgia. Eu a tocava selvagemente, a xingava de puta, cadela, vadia. Isso a levava ao êxtase e simultaneamente a recordava de seus pecados e culpas. Contudo, em meio a esse coquetel de emoções havia dor. A dor estava presente e assim ela se sentia castigada, o que a eximia de sua culpa e ela se permitia mais e mais ao prazer.
Daí para frente surgiram os primeiros chicotes e ela passou a implorar por eles.
Se entregou a mim como se eu fosse o único homem do mundo, pelo menos o único capaz de entendê-la.
Hoje ela é a minha esposa, administra minha casa e cuida das minhas outras escravas. Ela as ensina a como se portarem diante de mim, as veste e as prepara. Hoje, tenho certeza, que essa mulher é absolutamente minha.

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